quinta-feira, dezembro 29, 2005

Hortense Maria - 19/01/1918 - 28/12/2005 Adeus avó...



Nem sei bem o que dizer... nestas alturas parece que todas as palavras que nos vêm à cabeça perdem todo o sentido, que toda a dor que carregamos dentro de nós tem um peso que tira todo o significado a seja o que for que possamos dizer.

Morreu a minha bisavó. A avó como tanto eu como o meu irmão lhe chamamos.

Veio passar o Natal a casa da "Nã", juntando-se com o resto da familia... na segunda teve uma trombose e foi hospitalizada.

A minha mãe hoje quando cheguei a casa perguntou-me quando ia ver a minha avó. Eu respondi que não ia. "Deus queira que não, mas não quero ficar com a última imagem dela num sono profundo. Prefiro recordá-la alegre por ter aos bisnetos, netos, filha e o resto da familia em redor dela na noite de Natal." 5 minutos depois o meu pai chegou a casa e deu a noticia...

Já tenho saudades dela. Saudades de já ser um adulto e lhe pedir pão com manteiga Becel, que cortado e barrado por ela sempre me soube melhor, saudades de lhe puxar o lenço que trazia á cabeça só para a irritar e a despentear, saudades das azevias de grão como só ela sabe fazer, saudades da minha avó...

Nunca estamos preparados... nunca

Como ela me disse na noite de Natal, já não vai ao meu casamento...

Como ela me dizia quando me via chorar, agora pareço um homem velho...

segunda-feira, dezembro 26, 2005

E assim foi o Natal...


E mais um Natal se passou. Ao contrário do que disse que faria, tive novamente que dar vida ao velho de barbas brancas. A minha sobrinha adoeceu, com o frio que se faz sentir não se aguentou e apanhou uma bronco-pneumonia. Ao saber que não podia sair de casa e que consequentemente não poderia ir passar o Natal ao Alentejo, como é nossa tradição, a pequena chorou porque assim não podia estar com o Pai Natal, que o Pai Natal só ia às casas com lareira. A festa de Natal mudou-se de armas e bagagens para casa da pequena "Nã", que um pouco amarelada pelo estado em que estava, continuava a iluminar toda a casa com a sua alegria, e com o seu sorriso de ver toda a familia ali perto dela. Na própria véspera de Natal, ainda resolvido a não dar vida ao Pai Natal, disse à pequena que não ficasse triste por não ir ao Alentejo, que o Pai Natal viria na mesma, ainda que não com ela acordada. Ela mostrava muita tristeza, disse-me que tinha preparado uma prenda para o Pai Natal caso ele viesse, mas que não estava com muitas esperanças que ele aparecesse, afinal de contas era confuso ir ter a casa dela. Nessa altura não aguentei e disse que tinha que sair. Fui a minha casa, vesti o fato, enchi um saco de pano enorme com todas as prendas que consegui e lá fui eu pela rua, o Pai NAtal sem Renas... Mas tive um cuidado, tirei o anel, o relógio, coloquei uns óculos, até de calçado troquei, para que a pequena não me apanhe com o rabo de fora.
Passavam 17 minutos da meia noite toco à campainha. Ouço lá dentro "Vai abrir Mariana" e ouvi uma vozinha dizer por trás da porta "Quem é?" a minha resposta foi "Oh oh oh!". "É o Pai Natal! É o Pai Natal! Ele veio! Ele veio!" A porta abriu-se e dois olhinhos brilhavam do outro lado, que juntamente com um sorriso enorme completavam um quadro lindo... Não há nada como o sorriso de uma criança! Entrei, ela pela mão levou-me para a sala e ali, junto à árvore de Natal, distribui todas as prendas pelos presentes, que também queriam presenciar a alegria da pequena. Escusado será dizer que em cada 10 prendas 9 eram para a pequena, mas quem se importa, o Natal é das crianças, o Natal é dos pequenos.
Distribuidas as prendas estava na altura de seguir viagem, não queria que a "magia" das prendas passasse e começasse a olhar para mim com mais calma. Dei-lhe um beijo e disse que tinha que ir, tinha que ir a outras casas, visitar outros meninos. Ela replicou "Não te esqueças de ir a casa da minha prima Inês! Ela está à tua espera!", todos se riram e eu sai. Fui novamente a casa, trocar de roupa e voltei à festa.
Se a Mariana sabe que sou eu? Não tenho dúvidas! Se algum dia mo vai dizer? Não acredito, ela não quer acabar com a magia...
E o saldo do meu Natal? Prendas? Claro que as tive... 2 pares de boxers, 1 par de meias, 1 cx de chocolates, 1 frigideira (sim, uma frigideira), um perfume, e alguns euros. Nada mau hei?
Já agora aproveito para fazer referência à peste que assola toda a gente por esta altura. As SMS's de Natal. desde o dia 24 até ao fim de 25 o raio do telemóvel não parou de tocar... de minha parte contei comos seguintes números:
50 sms's - de pessoas conhecidas
5 sms's - de pessoas que assinam, mas que eu não conheço
3 sms's - de pessoas que não assinam nem eu tenho o número
6 sms's - de pessoas que eu até conheço mas que não tinha número
Quanto ao número de sms's enviadas com votos de boas festas... só mandei 134...
Se não mandei para ti foi só porque não tenho o teu número...
Votos de uma excelente continuação de boas festas para todos. Um excelente ano de 2006, que tudo corra da melhor forma!
Beijos para elas e abraços para eles!!!

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Matei o Pai Natal!!!



Pois é... tenho que contar a verdade... eu matei o Pai Natal...

Não é coisa de que me orgulhe, mas estava na hora de isso acontecer, caso contrário perdia a magia. Bom, mas eu explico melhor, antes que me acusem de homicidio.

à muitos anos atrás, tipo à uns 12 anos atrás, fui convidado para entrar num teatro de Natal dos miúdos da catequese. Iria ser o Pai Natal. Eu para ser sincero nunca me dei bem com o público, mas não pude dizer não. A minha estreia nos palcos não foi definitivamente a melhor. Minutos antes de entrar em palco rasguei as calças do fato, mesmo no rabo... entrei em cena com as boxers à mostra, mas pronto, passou-se...

Depois disso, e como tinha o fato... acabei por repetir a proeza durante alguns anos... nunca mais me esqueço de ter mais de 100 crianças à minha volta cagando para o Pai Natal, querendo apenas o saco de chocolates que eu lhes tinha para dar... pronto lá havia um ou outro que até me falavam se eu lhes ia levar tudo o que pediram, ao que eu lhes perguntava se tinham sido uns bons meninos, e claro, eles respondiam sempre que sim.

Entretanto nasceu a minha priminha, a Nã (diminutivo). A familia começou a melgar-me para o Pai Natal voltar a cena, e assim foi. Como é tradição, a familia juntou-se em casa da minha avó e bisavó, no Alentejo. Apareci já muito perto da meia noite. Vesti-me na rua e lá meti o saco cheio de prendas às costas. Ao invés de entrar pela chaminé, como aliás a pequena Nã esperava que eu fizesse, porque lhe passaram o dia a falar nisso, bati à porta e por trás o vidra desta vi uma pequena silhueta que me veio abrir a porta. A cara dela ao ver-me foi algo simplesmente indiscritivel... O Natal é isso mesmo, ver o brilho nos olhos de uma criança...

A pequena, na altura com cerca de 3 anos, depressa se apressou a convidar-me a entrar para a sala que estava mais quentinha. As prendas para a pequena não acabavam... ela estava simplesmente em transe com a presença daquele senhor gordo e barbudo que se veste de vermelho. Eu sabia que não podia ficar ali muito tempo, para não estragar a magia e uns minutos depois de ter entrado, despedi-me com o motivo de ter que visitar muitas outras crianças. Mas antes não pude escapar à foto da praxe com a pequena. Sai de casa e rápidamente troquei de roupa para novamente entrar em casa. A pequena estava de volta das prendas, no meio de um mar de papelde embrulho rasgado espalhado pelo chão, como se um pequeno tsunami por ali tivesse passado. A Nã assim que me viu correu para mim a contar-me o que eu tinha perdido, que falhei por pouco a visita daquele senhor de vermelho que trouxe prendas. foi simplesmente algo indiscritivel, ver como ela descrevia tudo, com um brilho nos olhos, que ainda hoje consigo ver na minha cabeça.

Esta aparição repetiu-se por uns anos, a Nã já sabia que o Pai Natal ia aparecer, mas como o seu tamanho, também a sua inteligência ia aumentado e a sua percepção de pequenos promenores ia aumentando também. Desde reparar que o Pai Natal tinha um relógio igual ao do Tio (como ela me chama), umas botas iguais às do Tio, mas sobretudo o facto de que nunca os dois estão juntos... sempre que um aparece o outro desaparece.

Ela agora tem 8 anos, e eu decidi "matar" o Pai Natal. A sua última aparição foi o ano passado, e assim vai continuar a ser, para que a magia se prolonge no mundo daquela criança. Não quero para já que ela descubra que afinal de contas o Pai Natal era o Tio. E Pronto, desta forma é que eu matei o Pai Natal.

Já agora, não sei se sabiam, mas o Pai Natal originalmente era verde, a Coca-Cola é que o "vestiu" com um fato vermelho. Sim, porque o Natal não é mais que uma das facetas consumistas deste mundo em que vivemos...

Porque é que os não católicos celebram o Natal? Está mal!